Celeste
de Daniela Rodrigues Viana Duarte Ela era magrinha. Com uns bons acessórios, se fazia alta, esbelta, andava por toda a cidade para compromissos e por lazer. Em tempos de secura, suas articulações rangiam por falta de hidratação; quando chovia, ficava exposta às sujidades que a água espalhava. Vivia para auxiliar as pessoas, acompanhava-as até seus destinos e aguardava quanto tempo fosse necessário para acompanhá-las de volta. A não ser quando, por ventura do descaso, outra pessoa demandasse sua serventia. Sua companhia era melhor aproveitada, em especial, pelas mulheres, é claro. O mundo feminino tende a esse poder de apoio mútuo, quando não são sequestradas de si e das suas, isso é um fato tanto na Terra quanto no extraplano. A Divindade, plenamente ciente disso, apresentou-lhe uma mulher que queria sair para conhecer o mundo, mas que se irritava com o que havia nele. Uma mulher que nem saía de casa, pois não dava conta de canalizar seus incômodos, tampouco de aproveitar o...