Cindy das Nuvens
No reino chamado Imaginolândia, vivia uma princesa chamada
Cindy Lopes.
Ela andava olhando para o céu e imaginava como seria Deus,
como ele podia ser tão grande?
Ficava curiosa para saber como era a casa dele, se ele
sentava numa cadeira gigante, se ele ficava com um pé no Brasil e outro no
Japão, ou será que ele assistia tudo em TVs?
E por falar em TV, ela gostava muito de assistir televisão,
principalmente o Show da Xuxa, ela queria ser paquita, um sonho audacioso pra
quem mal tinha saído do reino.
Vivia brincando com sua bolsa, onde colocava tudo que achava
importante. Cindy era só, nunca teve um par. Ela usava muito a imaginação, e as
plantas do jardim eram suas companheiras.
Era primavera, Cindy foi caminhar pelos campos do reino e
eles estavam cobertos de margaridas. Encantada com tanta beleza, resolveu se
deitar sobre as flores, contemplando o céu, como era de costume, viajando nas
nuvens, literalmente.
Horas se passaram, até que perdeu a noção do tempo,
imaginando o que ela iria ser quando crescer, como seria sua vida? Se ia
encontrar um príncipe encantado, ou seria uma princesa viajante.
De volta para o castelo, Cindy encontrou uma jiboia no
caminho, ela não teve medo, esperou a cobra concluir a travessia e seguiu.
Quando finalmente chegou ao castelo, ela notou algo
diferente. Foi ao espelho e deu de cara com uma Cindy adulta. Ela ligou a TV e
constatou que o calendário anual havia dado um salto, ela estava no ano de
1998. Ela ficou muito confusa e saiu para a rua novamente. No caminho, ela
conheceu um rapaz, chamado Matemáticus, ela ficou encantada por ele e ele por
ela, eles conversaram, dançaram, foi um dia incrível. Eles se encontraram
algumas vezes e era sempre muito divertido. Um dia, ela foi visitá-lo, e ela sentiu
que algo havia mudado. Matemáticus não quis sair do quarto, disse que, na
verdade, era um homem triste, sem vontade de fazer nada, mas que fazia por ela,
e que estava cansado, que não tinha condição de acompanhá-la, que deveria se
afastar e seguir a vida sem ele. Ela voltou para o castelo e chorou
copiosamente, estava muito triste, chorou de soluçar. Nessa noite, choveu muito
forte. No dia seguinte, o sol amanheceu brilhando e Cindy avistou da janela um
lindo arco-íris, ela foi até o campo.
As margaridas estavam lá, ela se deitou novamente sobre a
grama entre as flores e contemplou o céu, as nuvens e se questionou por que
Matemáticus era triste e foi tão rude com ela. Por que Deus não ajudava ele?
Será que existem muitas pessoas tristes?
Então ela decidiu que queria fazer as pessoas sorrirem e
pediu a Deus que a ajudasse a realizar esse sonho. Ela queria espantar a
tristeza e esquecer Matemáticus, então começou a cantar em tabernaoquês, porque
quem canta seus males espanta.
Uma noite, quando estava a caminho da taberna, avistou uma
lona reluzente e colorida, ficou encantada com os artistas do circo e acabou
indo embora com eles. Foram dias maravilhosos e ela podia ver o sorriso
estampado no rosto de cada criança e adulto ali presente.
Chegou o inverno, as folhas secas caíam no chão. Cindy
acordou sentindo o cheiro do café que sua mãe estava fazendo no fogão a lenha.
Ela pegou sua bolsinha cheia de coisas e foi para o quintal
sonhar mais um pouco.
CONHEÇA A AUTORA
Elenizia da Conceição Batista
Graduanda em Teatro pela Uniasselvi. Técnica em Rádio e Tv, Eventos e Produção de Moda pelo CEET Vasco Coutinho. Presta serviços freelancer como Radialista, Assessoria e Staff em Eventos, Assistente de Produção Cultural e Assistência Pessoal. Participa de atividades práticas relacionadas à cultura, arte, música, dança, teatro, literatura, circo, ministrados e ofertados por instituições e grupos teatrais do Espírito Santo. Tem se dedicado aos estudos de Iniciação à Música, Técnica Vocal, Corpo e Voz e Canto Coral Adulto na FAFI. Fez parte da equipe de recreação da Serelepe e Cia Produções Artísticas, onde atuou como atriz em teatro empresarial e campanhas educativas. Integrou o Núcleo de Pesquisa em Teatro de Rua, inicialmente com o Grupo Folgazões de Teatro e posteriormente com o Grupo Àrvore, ao qual foi membro e atuou como Atriz e Palhaça nos últimos anos. Seu trabalho atual é como Mestre de Cerimônia no Projeto Transformação, que aborda o tema da sustentabilidade e reuso criativo. É Praticante do serviço voluntário, principalmente como palhaça, em Ongs, Instituições e Projetos Socias e de Inclusão.
Instagram da autora: https://www.instagram.com/elenizia_nizia/
Para conhecer mais sobre o projeto onde esse conto foi desenvolvido acesse o perfil do Grupo Beta de Teatro e da atriz e escritora Lorena Lima.
Instagram Grupo Beta de Teatro: https://www.instagram.com/grupobetadeteatro/
A 2ª edição da Oficina de Produção de Contos Femininos Autoficcionais, onde esse conto foi desenvolvido, é uma ação cultural aprovada no Edital nº 04/2023 – Valorização da Diversidade Cultural Capixaba, fomentada na Linha 3: Incentivo à Leitura, da Secretaria da Cultura (Secult).
Adoro os sorrisos que essa leitura proporciona. Que delícia!
ResponderExcluirSinto-me uma forte candidata a ser amiga da Cindy, pelos caminhos, nuvens e flores que ela se dispõe a vivenciar. Obrigada, Elenizia!
ResponderExcluirUm texto coberto de margaridas! 💕
ResponderExcluiresse conto me faz rir e chorar ao mesmo tempo 💛
ResponderExcluirVerdadeiro limite entre a ficção e realidade... Esse conto realmente me tocou de várias formas, obrigada!
ResponderExcluirForte e acolhedor! Ameiii
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