Postagens

Mostrando postagens de novembro, 2021

Ser de Palavras

Imagem
Eu sou um ser de palavras. Reflito isso enquanto penso num rabisco que escrevi a alguns anos atrás, no qual afirmo: Eu sou ser de palavras, sou também demasiadamente redundante, sou mulher, sou negra e periférica e com isso tenho em mim muitas coisas, entre defeitos, traumas, sonhos - mais declaro: a escrita tem me salvado há mais de vinte e tantos anos. Embora eu não tenha a audácia de revelar tudo o que tenho escrito, é certo que as palavras tem me auxiliado neste mundo como é, e está, e desta pessoa pessimista que escreve a fim de expurgar as vivências pessoais e vivências alheias que presenciei. De tudo o que sobrevivi, na escrita eu encontro acalanto. Já fiz um tanto de coisas. Fui babá, cuidadora, faxineira, acompanhante de idoso, atendente, vendedora, guia, decoradora de festa com balão, recreadora infantil, já cantei, dancei, atuei, contei histórias e em meio a todas essas coisas eu escrevi, e escrevo agora, um pouco perdida nessa minha trajetória. Eu tive a alegria de conh

Autoria, Escrita e Bonecas Extraordinárias

Imagem
  Depois da morte do autor e de sua ressurreição extracorpórea nos limites de uma teoria linguística e literária, hoje talvez estejamos testemunhando não apenas o renascimento da autoria dos textos, como sua fascinação, fetiche e obsessão. Uma obsessão pela nossa identidade, para muito além do sujeito universal masculino. Um fascínio que também tem a ver com a sobrevivência: quem somos, o que não queremos, pelo que lutamos, como seremos vistos, qual será nosso legado, de que natureza somos feitos. Um dia falarão de nós: nome, sobrenome e obra. Também estou trabalhando incansavelmente para dar um significado duradouro ao meu trabalho. Achava que era presunçoso, mas entendi que é tudo o que tenho. Um nome pode virar facilmente vaidade, ou assumir a sua verdadeira expressão, a de criar conexões e formar uma ciranda. Um nome ao lado de outro que dá relevância àquele e assim por diante em um colar infinito de possibilidades e criações: somos bem menos autênticos do que imaginamos. Somos cit

(te)Escrevo

Imagem
Eu escrevo sobre o que me atravessa. O que me alcança, o que me lança, me aquece e me esfria. Não sei falar de fora para dentro, só sei expressar a poesia do meu eu, do interior mais íntimo e intenso de mim. Escrevo, não por narcisismo, ou somente porque quero.  Escrevo porque vivo.  Escrevo porque (é) preciso!   Daiana Scaramussa Olá leitor(a), como vai você? Espero que esteja bem. Como tem muito tempo que não nos falamos, optei por lhe redigir esta carta, contando um pouco sobre mim e sobre o que me fez chegar até aqui... Bom, não sei precisar ao certo quando, como e porque tomei gosto pela escrita, o certo é que desde que comecei a escrever minhas primeiras letrinhas, por volta dos cinco anos de idade, decidi não parar mais, e até hoje sigo essa jornada literária, ainda sem livros escritos de fato, mas com incontáveis caracteres e páginas desses capítulos da minha vida. E por falar em escrever, não sei se posso me considerar uma leitora voraz, mas gosto de ler, não me importa se

Liberdade!

Imagem
  O brilho de seus olhos, sempre despertaram curiosidade em tudo que sempre correu por eles.   Muitos dos que a rodeiam, sempre ansiaram saber o que se passava no coração. Sonhadora, apaixonada pela vida, carregada de experiências boas e más, cheia de histórias para contar. Cresceu em meio a uma criação rigorosa, daquelas bem tradicionais. Onde a mulher foi criada para cuidar da casa, dos filhos, da conduta ilibada para com a sociedade. O que está tudo bem, se isso nos faz feliz, realizada, completa. Mas para ela, isso nunca lhe desceu garganta a dentro. Decidiu então, ousar desde a mais tenra idade, ser diferente daquilo que obrigavam a ela. Ainda muito nova, encontrou refúgio na escrita; assim, nasceu suas mais profundas poesias, indo contra todos que lhe cercavam, sonhando com sua independência, principalmente no quesito amar. Com todo o ser dentro de seu espírito, a escrita sempre foi uma forma de alívio para tudo que sempre habitou em seu coração. Kika Amorim, sempre deixou es