Prazer: EU.

 


Quando nascemos somos nomeados, cada um por motivos singulares, mas na maioria das vezes por homenagem: um nome que acham possuir força ou energia, ou porque era um artista que admirava, um jogador de futebol, um (ex) grande amor, ou uma figura histórica/mitológica. No meu caso, meu nome traz a força da ancestralidade de minhas duas linhagens, através de suas matriarcas. Ana Rosa poderia ser uma homenagem à personagem do livro “O mulato”, de Lima Barreto, mas não foi esse o caso. Ana Rosa é a junção dos nomes de minhas duas avós: Ana, a avó materna, e Rosa, a avó paterna.

Ao juntar em mim os nomes de duas criaturas tão diversas entre si, eis que surgiu em mim aquilo que me resume: sou uma e sou várias. Tenho, por vezes, a placidez da Ana, e muitas vezes o fogo da Rosa me consome.

E aí entra a literatura, e a escrita, em minha vida. Eu precisava dar vazão a tudo o que me habitava e consumia a alma. Tanta passionalidade e conflitos precisavam de uma válvula de escape. Fugia para os livros porque a realidade em entediava, frustrava ou machucava. Enxergar o mundo através dos meus olhos não é tarefa das mais fáceis, e conviver com minhas muitas vozes internas às vezes é uma batalha exaustiva, então, por quê não dar, de fato, voz a todas elas através de meus contos? Deixá-las contar suas histórias, por mais absurdas que fossem, ou sonhadoras, ou melancólicas... Como no meu conto Tapeçaria.

E aquela menina que tencionava fazer Direito, porque ambicionava o status e o poder, que sonhava correr o mundo e estar totalmente realizada aos 30 anos, acabou por se transformar, aos 28 anos, na mãe do Arthur, que concluiu a faculdade de Letras Português pela UFES aos 42 anos, e que aos 43 resolveu dar a cara à tapa e publicar alguns contos. Primeiro na Oficina de Escrita de Raimundo Carrero, escritor pernambucano maravilhoso e pupilo de Suassuna. Quanta honra! Quanto conhecimento em uma só mente. Depois, através do encontro e do acolhimento com a Oficina da Lorena Lima, no projeto “Só conto para elas”, onde encontrei mulheres fortes e sensíveis. Se você não conhece o outro lado da lua é porque ainda não esteve em uma roda exclusiva de mulheres trocando experiências, lições e visões de vida.

E eis que a sonhadora, devota de Cecília Meireles e devoradora de seus poemas, hoje se identifica tanto com Clarice Lispector a ponto de achar, ao ler Água Viva, que a autora leu seus pensamentos. E o que isso significa? NADA! Mas também mostra que não sou só uma, que sou múltipla, que sonho como Cecília e penso como Clarice mas que, por vezes, desdenho acidamente do amor como Bukowski, ou o idealizo como Florbela Espanca, ainda que enxergue toda a aridez da vida que Guimarães tão bem nos trouxe. Seja como for, hoje eu sou quem quero ser, através de meus contos.

Ana é nascida em Vitória/ES, baiana de coração, e mãe do Arthur. Apaixonada por livros e pelo mar, gosta de unir as duas coisas sempre que pode. Licenciada em Língua Portuguesa e Literatura de Língua Portuguesa pela UFES, possui poema publicado na obra “GLOSANDO ESPAÇOS CAPIXABAS: uma antologia poética baseada em Cidadilha, de Luiz Guilherme Santos Neves”, além de contos publicados na Antologia Contos de Oficina com Raimundo Carrero.

Para a leitura  do conto Tapeçaria, acesse o link abaixo 👇 

https://drive.google.com/file/d/1eHT1mi1ruWNGPIq1tzijXjDjlrHNN9nS/view?usp=sharing

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